sexta-feira, 20 de agosto de 2010

CHICO ANTÔNIO

Chico Antônio

Francisco Antônio Moreira. Embolador. Coqueiro. Cantador. Nasceu em Cortes, nas cercanias de Pedro Velho, cidade que fica a sudeste do Rio Grande do Norte, na fronteira com a Paraíba no começo do século. Há controvérsias quanto a sua real idade. Na certidão de casamento, consta o ano de 1904 e numa carteira de trabalho, tirada no Rio de Janeiro, consta o ano de 1908. Assim como os pais, sempre trabalhou na roça. Embora tenha freqüentado seis anos de escola, acabou não se alfabetizando. Começou a cantar com cerca de 12 anos.

Foi descoberto em 1929, pelo pesquisador e escritor Mário de Andrade que o transportou para os livros. Em 1979, foi redescoberto pelo poeta e folclorista Deífilo Gurgel. Gravou um disco em 1982 pela Funarte/UFRN/FJA. Cantava os seus cocos acompanhando de um ganzá e de seu companheiro de dupla Paulírio. O seu mais famoso trabalho foi o coco "Boi Tungão".

Chico Antonio é personagem lendário. Foi para Mário de Andrade, em suas pesquisas musicais, o que o vaqueiro Manuelzão representou para Guimarães Rosa na elaboração de Grande Sertão: Veredas. Ouvindo este cantador de coco, anônima figura do interior nordestino, o esteta Mário escreveu: "Estou divinizado por uma das comoções mais formidáveis da minha vida".

Redescoberto por Deílfilo Gurgel e Aloísio Magalhães, em 1979, o velho Chico, então com 80 anos de idade, gravou o que pôde. A voz cansada é ainda expressiva, embora já não arrebate com os improvisos que deslumbraram Mário no final dos anos 20. De qualquer modo, tem-se no disco um grande momento da história cultural do Brasil. Chico Antônio faleceu em 15 de outubro de 1993.

Ainda jovem e contrariando a vontade do pai, que não o achava bom cantor, foi prosseguindo na lida de embolador. Passa a vencer desafios com famosos cantadores de coco de sua região como Zé Fulô, Mané Matias, Cícero Matias, Antônio Matias, o preto João Perigoso, Domingos Gregório e outros. Seu trabalho passa a ser então uma referência para outros cantadores.

Em janeiro de 1929 estava trabalhando no Engenho Bom Jardim, quando foi levado a cantar para o poeta e escritor modernista Mário de Andrade, que estava de visita naquele lugar. O encontro entre os dois foi registrado por Mário de Andrade no livro "O turista aprendiz".

Anos mais tarde, Chico Antônio foi tentar a vida no Rio de Janeiro, onde trabalhou em Bonsucesso, Botafogo e Jacarepaguá. Em seguida, retornou, para sua cidade natal, voltando a trabalhar na roça e a cantar cocos nos finais de semana. Embora sua arte continuasse a ser apreciada em sua região, caiu no esquecimento do resto do país.

Em 1979, o estudioso do folclore brasileiro Deífilo Gurgel, em viagem pelo interior do Estado, em pesquisa para a Fundação José Augusto, tomou conhecimento da existência de um cantador de cocos que parecia ser o lendário Chico Antônio, registrado por Mário de Andrade. Foi então até Porto Velho e confirmou a informação. Levou então o cantador para Natal, onde este se apresentou em congressos e festivais, além de conceder entrevistas para diversos jornalistas e estudiosos.

Em 1982, um convênio entre o Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro e a Funarte, possibilitou a gravação do único registro fonográfico do mestre coqueiro. A gravação ocorreu nos dias 26 e 28 de agosto daquele mesmo ano, na casa de Chico Antônio e na do seu filho. Foram registradas nove composições, todas de autoria de Chico Antônio e Paulírio, entre as quais "Boi tungão", "Onde vais, Helena", "Curió da beira-mar" e "Vou no mar".

Em 1983 apresentou-se no programa "Som Brasil", da TV Globo, apresentado por Rolando Boldrin. Um dos mais ilustres representantes do coco foi o único que recebeu um estudo pormenorizado de sua obra, chegando a ser personagem de dois textos ficcionais de Mário de Andrade.

Em 1995 teve o coco "Usina (tango no mango)", parceria com Paulírio, gravado pelo grupo pernambucano Mestre Ambrósio.

Em 1997 foi homenageado pelo cantor e compositor pernambucano Antônio Nóbrega no show "Na pancada do ganzá".

Em 1999, o Acervo Funarte lançou o CD "No balanço do ganzá", com interpretações de Chico Antônio feitas 54 anos depois de seu encontro com Mário de Andrade.

No mesmo ano, teve a música "Eu vou, você não vai", foi gravado no CD "Nação Potiguar", lançado em homenagem aos 400 anos da cidade de Natal.

Também foi homenageado pela banda FOLCORE no ano de seu centenário de nascimento, que gravou um single com 5 músicas do embolador (Luquinha da lagoa, Boi Tungão, Usina, Tinguelê e Helena).

Obra
Boi tungão (c/ Paulírio)
Curió da beira-mar (c/ Paulírio)
É Luquinha da lagoa (c/ Paulírio)
É tinguê-lê
Eu vou, você não vai
Onde vais, Helena (c/ Paulírio)
Pinto pelado (c/ Paulírio)
Serrador, bota o pau na serra (c/ Paulírio)
Usina (c/ Paulírio)
Vou no mar (c/ Paulírio)

Fonte: site da banda Folcore - www.folcore.com

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Marilia Jullyetth Bezerra das Chagas, natural de Apodi-RN, nascida a XXIX - XI - MXM, filha de José Maria das Chagas e de Maria Eliete Bezerra das Chagas, com dois irmãos: JOTAEMESHON WHAKYSHON e JOTA JÚNIOR. ja residi nas seguintes cidades: FELIPE GUERRA, ITAÚ, RODOLFO FERNANDES, GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO e atual na cidade de Apodi. Minha primeira escola foi a Creche Municipal de Rodolfo Fernandes, em 1985, posteriormente estudei em Governador Dix-sept Rosado, na no CAIC de Apodi, Escola Estadual Ferreira Pinto em Apodi, na Escola Municipal Lourdes Mota. Conclui o ensino Médio na Escola Estadual Professor Antonio Dantas, em Apodi. No dia 4 de abril comecei o Ensino Superior, no Campus da Universidade Fderal do Rio Grande do Norte, no Campus Central, no curso de Ciências Econômicas. Gosto de estudar e de escrever. Amo a minha querida terra Apodi, porém, existem muitas coisas erradas em nossa cidade, e parece-me que quase ninguém toma a iniciativa de coibir tais erros. Quem perde é a população.

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